domingo, 11 de novembro de 2012


Eu sei que não fazem por mal mas gostaria de deixar de ouvir comentários do género: "Já na altura, mal vos vi juntos, soube que não daria em nada." Depois de tudo descambar é muito fácil "botar faladura", é muito fácil criticar e apontar defeitos. Sim, eu via o que queria ver, secalhar com olhos de quem ama e quer que a relação funcione, mas não andava a dormir. Tinha noção de um sem número de situações das quais não gostava e a primeira pessoa que sabia delas era a pessoa visada. Tentei ser o melhor que pude, dadas as circunstâncias em que vivia, dei tudo o que podia dar naquela altura e não me arrependo. Se não tivesse ignorado o que ignorei não tinha vivido momentos tão belos, extraordinários e únicos como vivi. Se não tivesse acreditado que podíamos ser mais e melhor juntos, tudo tinha terminado no primeiro mês. Dói-me imenso que, um ano e tal depois, me venham com discursos sombrios, quais videntes que, se o fossem realmente, teriam avisado na hora. Teriam-me "salvado", se a situação fosse tão caótica e problemática como a pintaram. Eu sei que tenho sempre a esperança que as pessoas mudem e se transformem naquilo que eu projecto delas. É verdade. Carrego esse defeito como o maior causador de todo o meu sofrimento mas, o que é certo é que, mais ano menos ano, essas pessoas acabam por se tornar naquilo que eu sempre vi no mais íntimo delas. E se, por um lado, fica a eterna nostalgia de não receber o que de melhor têm para dar, por outro fica a eterna gratidão por se terem encontrado e tornado no que de melhor podem ser. Sofro imenso mas, ao menos, dou-me ao trabalho de olhar o outro no seu íntimo, procuro por aquilo que de melhor possui, vejo para além do óbvio. Gosto desta minha luta, desta minha persistência que, tantas vezes, me traz dissabores. As pessoas escondem medos e traumas, têm muito mais a dizer, têm muita coisa guardada. Não basta ficar contentado com o pouco que conseguem transmitir. Isto exige tempo, dedicação, esforço e, muito importante, disponibilidade de ambas as partes. Não sei lidar com as pessoas de outra forma. Crucifiquem-me. Não me consigo ficar pelo superficial. Acabo tantas noites banhada em lágrimas, fruto da desilusão, mas o gosto que aqueles momentos de entrega absoluta, verdadeira e real têm, vale cada aperto no peito. Gostaria que não deturpassem ainda mais as situações. Gostaria que as deixassem jazer sem perturbações. Ao fazerem comentários pouco úteis deste género não acrescentam nada, não me aliviam a dor nem me fazem sentir melhor por dizerem que estou melhor agora, sem ele, porque ele é isto e aquilo. Tem as suas falhas como eu as tenho, precisa de crescer como eu preciso. Infelizmente não quis a vida que nos entendêssemos mas ninguém vai ouvir da minha boca um desdizer maldoso e malicioso acerca dele. Não entendo muita coisa, perturba-me a sua forma de viver mas já não somos mais "um só". As pessoas são livres para fazerem as suas próprias escolhas, boas ou más, devendo assumir as consequências de tal. Certos assuntos já deviam estar mais que arrumados mas ainda há quem goste de vir e revolucionar tudo. Perdoem-me se, da próxima vez, me levantar e sair com a mesma rapidez com que entrei. Não me levem a jogos que não quero jogar. Não queiram que odeie o que um dia amei. Porque é impossível. Porque não preciso. Porque, simplesmente, não conseguem. Eu penso pela minha cabeça, só e somente. Seja isso bom ou mau. E, certas "ajudas", só têm sentido na hora ou, como neste caso, não têm sentido algum. 

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