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Desde tenra idade que se percebeu que eu realçava uma capacidade de amar extrema. Iluminava-me de amor por tudo e por todos a quem me dedicava. E obviamente, quando chegou o momento de descobrir o amor pelo homem, atingi o meu ponto máximo.
Cedo alimentei o sonho de me dedicar ao meu amor, partilhar consigo todas as emoções que sentisse, surpreendê-lo constantemente, assegurar parte do seu bem-estar, fazê-lo sentir-se imensamente amado e completo por me ter a seu lado. Alimentei o sonho de ver nele o meu porto-de-abrigo, senti-lo como MEU homem, viver descontraidamente sabendo que em momentos mais complicados ele cuidaria de mim. Alimentei o sonho de construir uma vida sólida, onde os momentos menos bons fossem essenciais para o fortalecimento da relação, uma vida onde abundasse o diálogo, e que nos prolongassemos nos filhos que eventualmente nasceriam.
Tudo o que não assisti nos meus pais, desejei vivê-lo intensamente, garantindo para mim própria que sim, um dia teria verdadeiramente uma família. Mas essa necessidade desmedida acabou por (acredito hoje) condenar todos os meus amores ao fracasso.
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Deslumbram-se comigo: sou muito enérgica, tenho um sentido de humor fantástico, estou sempre disponível, entrego-me intensamente, tenho assuntos para conversar a metro, tenho até um talento especial para cativar. Mas... e depois? Quando deixo de ser uma novidade, quando já nada de mim há para desvendar?
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Eles defendem que eu deveria abrir os meus horizontes e expandir-me para outras realidades, onde provavelmente passeiam, digo eu, pessoas tão grandes ou maiores que eu, em especial em matérias de Amor. Mas eu? Ainda resisto a essa ideia... acho que na verdade, ninguém quer tanto da mesma pessoa.
roubadérrimo [daqui]
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