sexta-feira, 18 de março de 2011

Das viagens de carro...



Todas as quintas tenho o privilégio (ou não!) de vir a conduzir pela madrugada dentro. Nunca tenho hora certa para sair da reunião e, o que é certo, é que faço uso desses momentos para pensar... mais do que penso normalmente! A diferença, destas vezes para as outras, reside no simples facto de que meto a rodar o CD com as músicas preferidas, coloco o som num estado elevado de decibéis e, por momentos bastante escassos, pestanejo um pouco mais lento que o habitual... Sinto a música e vou-me sujeitando a uma avaliação aos mais diversos níveis!

Hoje questionei a minha exigência!

Sim, sou uma pessoa exigente, dura e com a ambição do perfeccionismo cravada nos genes! Consigo ser flexível, compreensiva e condescendente quando é necessário, mas sou uma pessoa de pormenores! Não me cativam com grandes feitos mas antes com pequenas repetições e coerência de gestos. Prefiro a simplicidade e a eternidade de acções ditas normais, que demonstrem a soberba capacidade de não banalizar o que é dotado, por si só, de sistematização. Prefiro que sejam fiéis a actos. Prefiro que não inventem esforços para abalar o coração de uma só vez, quando o que ele precisa é de pequenos choques diários. Quero repetição de momentos, quero optimização dos mesmos, quero superação das capacidades de criar. Nem sempre a novidade arrebata.... mas tantas vezes o recriar salva tudo!

Não irei nunca mais abdicar do que acho importante e essencial a uma ligação que clama "futuro". Não me sujeito a baixar o nível de exigência do que já foi vivido. Não conseguirei ser condescendente perante o cansaço que nos irá, concerteza, abalar.

Quando surgiu esta música e me voltaram ao pensamento as lembranças de perdas eternas e irremediáveis, tomei a consciência de que não sou capaz de compactuar com inércias de quem julga que o amanhã é garantido... porque um dia acordei e esse amanhã tinha deixado de o ser! Esfumaram-se corpos, permaneceram momentos e recordações que, com os anos, acabarão por perder clareza e definição! Estou ciente deste facto e, por isso mesmo, enquanto vislumbrar as cicatrizes de um passado que tem tanto de mágoa como de ensinamento, não me darei ao luxo de continuar a cometer os mesmos erros sistemáticos.

Não irei viver com medo que o amanhã não exista, não me viciarei na incerteza do futuro. Tomarei os devidos ensinamentos como pistas inteligentes para ambicionar o traçar de um futuro um pouco menos dotado de enganos!

Se é falível toda esta ambição utópica? Completamente... Mas para pensamentos medianos, do tipo que "melhor é impossível" e "bonzinho é melhor que nada", não preciso de me esforçar muito; eles surgem por natureza!

Se não vivo para me superar, então não vale a pena afirmar que vivo!

... E, se eu me esgoto a mim mesma, o que dirão os que me aturam diariamente!
Nada fácil!*

2 comentários:

Palavra Já Perdida disse...

Desde que tenhas isso bem ciente em ti, então nada pode correr mal !
Porque o amanhã é uma incógnita, assim como o logo. e que nos adianta pensarmos o que quer que seja? E é deixar o passado lá para ttrás, como tu dizes, um ensinamento, uma memória.

E essa música é qualquer coisa ***

Cecília Fernandes Vigário disse...

Ao viver, ao experenciar, ao errar é que aprendemos a fazer cada vez mais e melhor :) Quero ser feliz e isso é o que realmente me importa* :)

Obrigado pelas tuas palavras*