quinta-feira, 3 de março de 2011

Mergulho na própria escuridão...


Quando um dia disse que, se não estava enfiada numa depressão pouco faltava, não estava de todo enganada! Com o amainar da poeira, com as coisas a começarem a ganhar o seu tempo e o seu espaço novamente, com a visão de que tudo começa a fazer sentido e a ser digno de luta, vem também os restos do cansaço extremo com que me deparei em 2010! Não faço questão de ficar presa nesta escuridão como não consigo simplesmente ignorá-la! Existe na minha alma e na minha vida e não é fácil de lidar, assumo. Consegue fazer de mim o que bem entende quando estou desprotegida e desatenta. É a minha maior pedra no sapato, aquela que me magoa a mim e que me faz magoar quem me rodeia. Berro e esperneio e desoriento e quero o meu silêncio e o meu espaço e as minhas lágrimas quando ela me desafia. Ainda me faz recordar todas as dores que engoli, todas as vezes que tive de me manter forte por causa de outros, toda a necessidade de positivismo à medida que as coisas afundavam... Isto tudo, durante 3 anos, levou a uma extinção de forças e a um massacre das reservas que todos temos para superar os obstáculos! Hoje custa-me muito mais ser forte, lutar, criar, estimar. Hoje sou alguém que ainda não se impôs às cicatrizes da vida. Hoje sou alguém que sabe que vai derrotar toda esta imensidão de irresponsabilidades, preguiça física e mental, erros sistemáticos. Mas primeiro preciso de extravazar todos os medos, todos os receios, todas as dúvidas, todas as lágrimas e palavras que ficaram guardadas porque não podiam ser ditas, todo o esforço abismal a que sujeitei o meu pequeno ser! Não quis pensar nas consequências de tamanha batalha, como nunca o faço, mas sabia que elas existiam... Cá estão elas a serem implacáveis, a pedirem que eu aja. Pois bem... Se eu posso ser muito mais do que sou, se posso ser muito melhor porque um dia já tive o privilégio disso mesmo, quer sejam precisos dias, meses ou anos, lágrimas ou sorrisos, lutas ou quedas, eu vou ao sítio!... Porque acordar com tamanho peso no coração pode ser vida para muita gente... Para mim já chega! Prefiro a paz que deixas quando a tua pele toca a minha... Prefiro a tranquilidade que o sol deixa quando me queima a pele... Prefiro a suavidade de momentos passados entre risos, abraços, projecção de sonhos... Prefiro tudo o que me leva à felicidade e não o que me faz ter dores de cabeça e anseios desmedidos!

É possível eu criar algo belo de que me orgulhe, algo que me faça chegar ao fim do dia e adormecer com o sorriso do dever cumprido, com a calmaria que está inerente a grandes feitos... todos os dias da minha vida!

Se a única resolução de 2011 for esta já me dou por muito feliz... Ainda há esperança para mim... fora do sofá, entenda-se!

2 comentários:

Francisco disse...

Como me revi neste texto!!! Sinto-me exactamente assim - cansado. Sem forças, para continuar a mostrar este optimismo, puxar pelas coisas, que todos os outros teimam em deixar de puxar. ainda no sábado, num momento difícil em que esperava o apoio de colegas e as suas forças, todos se calaram e eu fui o único que disse "Contem comigo! Naquilo que puder, não vou deixar que isto acabe". Esta apatia, mata-me...

Inês disse...

eu revejo-me muito mas muito muito neste texto.
Existe uma altura em que batemos no fundo, e é nessa altura que temos consciência disso e dos passos a dar.
O facto de por si só teres a plena noção é meio caminho andado. O outro é admitirmos que desta vez não somos capazes de dar a volta à coisa só com a nossa força. A nossa cabeça esgota-se e nós corremos o grave risco de ficarmos esgotados e isso é muito muito grave.
bjs