terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

...sem amor, eu nada seria!*



Verdade, verdade é que os sentimentos são um atraso de vida. 
Paralisam ou põem tudo em rodopio.
Estremecem. 
Tiram de órbita. 
Afundam e ressuscitam. 
Fazem rodar as quatro estações. 
Na mesma tarde. 
Acreditam? 

Verdade, verdade é que os sentimentos atrasam. 
Deixam o trabalho para depois. 
Despistam. 
Aproximam o pó das estrelas e distanciam o pó das sebentas. 
Que fazer? 
Suspiros. Olhares. Olhinhos. 
A linguagem passa perigosamente ao estado diminutivo sempre que os sentimentos perigosamente se expandem. 
O pior é que nem pela ironia se dá. 

Mas a verdade, a grande verdade é que os sentimentos interessam. 
Tornam-nos gente. 
Ensinam-nos a ser. 
Pedem de nós o que trazemos de único e de irrepetível. 
E preparam-nos para querer, para desejar receber o mesmo. 
Do outro. 
Da outra. 
Um comércio puro, gratuito. 
Tão diferente, tão distante dos rotineiros comércios. 

A qualidade do nosso estar, aqui ou noutro lado, as coisas que temos ou que gostamos mesmo de aprender, os outros com que vamos tecendo o quotidiano, o sentido mais profundo que buscamos emprestar à nossa vida dão-nos estofo. Firmeza interior. Capacidade de construir. 

Não aconteça sermos nós uns atrasos de vida que fazem emperrar os essenciais sentimentos.

|José Tolentino Mendonça|

Hoje não é o dia dos namorados. Hoje é o dia dos que amam. Dos que se amam a si próprios, dos que amam a música, dos que amam ler e preguiçar no sofá. Hoje é o dia dos que amam o sol que se sobrepõe ao vento cortante, dos que amam a sensação de conforto por debaixo de uma manta polar. Hoje é o dia dos que amam recordar os beijos, os abraços e os momentos inesquecíveis do passado, bem como dos que amam sonhar com as sensações de um amor vitorioso do futuro. Hoje é o dia dos que amam amadurecer, dos que dançam até ao sol nascer, dos que não têm pudor de assumir o coração ferido. Hoje é o dia dos que amam a verdade, dos que são fiéis a princípios e dos que lutam para esclarecer até o mais óbvio. Hoje é o dia dos que saboreiam gin tónico e sangria, dos que são apaixonados por marisco e pela areia nos pés, dos que adoram fondue e rosas vermelhas. Hoje é o dia dos que têm sentimentos para além daqueles que nutrem por uma pessoa. Porque para sermos felizes com ela, precisamos de amar outras coisas que não ela, precisamos de não precisar dela... antes, necessitamos mais de a querer com a liberdade própria de uma decisão consciente e nunca como uma ideia de imposição. Não podemos esperar que essa pessoa seja a razão da nossa felicidade quando não somos, de todo, pessoas capazes de amar, por si só, o que somos e o que temos de pessoal. Treinemos esse sentimento, amemos sem explicação, amemos de coração. Tudo, todos. Não emperremos os sentimentos. 

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