domingo, 1 de junho de 2014

Eu sou uma sofrida...



A mim tudo me dói. E doer não é necessariamente mau. Quando me respeitam eu emociono-me, dói-me a alma de tão bom que é. Quando me desrespeitam, choro pela dor dilacerante que a alma incute ao corpo. Sofro com as perdas, sofro com a nostalgia das memórias. Choro com a emoção da felicidade de ontem, de hoje e da ilusão do que poderá vir a ser amanhã. Choro com as lutas travadas, com as batalhas perdidas e, principalmente, com as ganhas. O desapego custa-me lágrimas salgadas, derramadas em noites de ansiedade descontrolada, juntamente com a revolta das voltas trocadas aos planos idealizados. A ideia de recomeço comove-me, pela esperança que lhe está implícita. Permito-me à dor, quando ela se lembra de aparecer e me perturbar a paz. Mas limito-a no tempo. Como ontem. Através de certas imagens, decidiu entrar em mim sem pedir autorização e impor questões sonantes que importunam o sono. Dei-lhe tempo de antena, dei-lhe alguma razão, chorei respostas que teimam em não aparecer, desliguei o som proveniente do concerto que, até então, me deslumbrava. Adormeci, entre voltas e revoltas. Hoje acordei e agradeci. Não sei bem o quê, secalhar o simples facto de estar viva, mas agradeci. E confiei. Confiei que, mais cedo ou mais tarde, tudo fará sentido. E assim aniquilei essa dor mazinha, que teima em estar atenta aos momentos de maior fragilidade. Impus-lhe limites, convivendo agora com ela, sem que me cause mossa ininterruptamente. Porque há tão mais a agradecer, tão mais que fazer, em vez de ficarmos acorrentados a dores de passados que não voltam. Eu sou uma sofrida porque sinto tudo, o que me diz e não diz respeito, mas sou melhor do que ontem porque já sei escolher pelo que vale a pena sofrer!


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