6 de Outubro de 2011.
22 de Setembro de 2009.
2 anos é coisinha para ser muito tempo na vida de uma pessoa. Foi o ano em que acabei a minha licenciatura e me aventurei no Mestrado que ainda não conclui. Foi o ano em que tive de voltar para casa dos papás e o ano em que fiz alguém se assumir na sua diferença. Foi o ano em que muitos dos meus amigos se formaram, houveram festas de final de curso e ambições para o futuro que se avizinhava. Nunca tive medo dele, sempre desafiei o incógnito. Foi o ano em que entalei o carro no desnível, fiz amigos para a vida e deixei entrar pessoas na minha vida que não valiam a pena. Foi o ano em que comecei a viver verdadeiramente a música e que descobri que tenho fortes motivações para mudar a realidade dos lares geriátricos deste país. Foi o ano em que me fizeram ver que eu mereço ser tratada como princesa, não podendo deixar que me tratem como segunda escolha. Foi o ano em que abusei da manteiga de amendoim e lutei ao lado do Zé para que o cancro não levasse a melhor. Foi o ano em que precisei de tirar férias sozinha, no meio do desconhecido, enfrentar os meus medos e receios e voluntariar-me a tornar a vida dos outros um pouco melhor. Foi o ano em que deturparam verdades a meu respeito, que eu tive a oportunidade de esclarecer. Foi o ano do David Fonseca. Foi o ano em que perdi o Prada naquele estúpido acidente, depois de um último encontro fugaz. Foi o ano do Festival Jota, aquele em que foi possível orar na praia, ter um workshop de fotografia, fazer voluntariado, assistir a concertos e enviar o artigo científico de lá para o orientador, para finalizar o curso. Foi o ano do baile de finalistas. Foi o ano da cartola e da bengala e do Benfica Campeão em Futsal. Foi o ano da Finlândia e de falar muito inglês, o ano em que o coração gelou com tamanhas desilusões. Foi o ano das festas de anos com motivos da Disney. Foi o ano da Milka & Mimosa. Foi o ano de começar a escrever muito e bem. Foi o ano em que pedi um saco e umas luvas de boxe para controlar os meus impulsos e ainda ninguém me ofereceu. Foi o ano em que o meu grupo de carnaval acabou e que passei a passagem de ano na Figueira, prestes a ser levada por um tornado. Foi o ano em que me inscrevi num seminário de ciências forenses e descobri que o papamóvel foi inventado por um português. Foi o ano em que fiquei fã do Palmeirim e descobri a emoção e a lição de vida do Into the wild. Foi o ano em que recebi o meu primeiro poema e assisti à primeira peça de teatro do Diogo. Foi o ano de criar momentos marcantes numa vida que é tão fugaz. Foi um ano que, mesmo bastante recheado, tinha tudo para ser recordado como um mau ano.E, perguntam vocês e muito bem, que raio é que isto tudo tem a ver com a morte do grande Steve?! Eu explico... No ano de 2009, mais propriamente no dia 22 de Setembro, fizeram-me assistir ao seu magnífico, soberbo e humilde discurso em Stanford. Foram quase 15 minutos de extrema informação. Era demais para o que aquela cabeça podia suportar na altura. Mas não me esqueço desta minha reflexão que recordei no meu antigo blogue:
Nós somos
as amizades que temos, as pessoas que marcamos, a ousadia que
transbordamos. Nós somos a diferença no amor, a espera na tristeza, a
esperança na desilusão dos outros. Não queremos arrogância nem
prepotência. Queremos igualdade e dedicação, respeito e reconhecimento
na simplicidade dos nossos actos. Será assim tão difícil de perceber que se consegue
conjugar sucesso e simplicidade, humildade e grandiosidade?
E hoje, 2 anos depois, eu não mudei assim tanto o meu pensamento. Hoje, 2 anos depois, compreendo que aqueles 15 minutos foram os geradores de toda a vontade de me tornar um pouco melhor pessoa, dia após dia. Hoje, 2 anos depois, consigo viver a mensagem que ele nos deixou. Hoje consigo conectar pontos, percebo a importância do amor e encaro a morte e a perda. Hoje continuo, mais que ontem, a potencializar todos os momentos que constituem a minha vida... porque nada acontece por acaso, mesmo que só percebamos isso muito tempo depois. Todos esses momentos vêm carregados de uma lição tão forte que só não é possível mudar as nossas vidas se não estivermos dispostos a tal. Faço deste discurso a luz que me guia diariamente, lutando com todas as minhas forças na minha cura e na salvação dos outros. Não farei o trabalho de ninguém... só tornarei o ar um pouco mais agradável. Porque antes de mudarmos o mundo de uma forma grandiosa, muitos pequenos actos e muito sofrimento já foram existindo e tornando-se essenciais. Deixemos que o seu exemplo nos inunde... para sempre! Obrigado por teres tornado o meu mundo um pouco melhor, obrigado por me teres ensinado a viver dignamente iSteve!
Se ainda não "perderam" 15 minutos da vossa vida a ouvi-lo, façam o favor!
PS: Venha daí a última apresentação, que me tornará numa formadora certificada!
Temos que fazer acontecer...
1 comentário:
Amiga adorei a maneira como transcreves-te tantos e tantos acontecimentos destes teus dois anos...uma vida cheia, cheia de coisas boas e más...mas cheia. Estive presente em alguns desses momentos e espero ter conseguido dar também um pequeno contributo para estes anos...
Não resisti e transcrevi a frase a negrito para o meu blog, espero que não te importes. É linda, complexa para alguns, mas tão simples...não achas?
Sempre aqui fofinha***
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