terça-feira, 9 de novembro de 2010

Coabitação Madrugadora...


Sentei-me na tua cama e olhei para ti. Tinhas o sorriso mais bonito que alguma vez vira. Estavas deitado e apoiavas a cabeça na mão. Fixavas-me! Dei por mim a questionar o porquê de ter sucumbido às tuas provocações.
Pequeno e acolhedor era o espaço que me deste a conhecer. Eras só tu e eu e a luz azul de um grande plasma que tinhas colocado na parede. . E eu a reparar em todos os pormenores que nos rodeavam!
Chamaste-me à realidade, roubando-me um beijo e puxando-me para ti. Cedi. É difícil não o fazer.
Fixaste-me novamente e começaste a falar. Não imaginei sequer que articulasses mais que duas frases com nexo, talvez fruto da minha discriminação pela tua condição. O que é certo é que me surpreendeste com toda a naturalidade de uma conversa sã. Ah... que saudades das conversas sãs!
O meu mundo anda cansado de pressas. Tu obrigaste-me a criar uma pausa. Tu que não passavas de um conhecido desconhecido. Tu que fizeste questão de me retribuíres o bom dia, à chuva e ao frio, enquanto me vias desaparecer numa corrida, fitando as poças de água. Tu que alinhaste no jogo que te propus e nas regras que te coloquei. Tu que te superaste para respeitares o meu ritmo de entrega. Tu que, não sabendo bem com o que contar, te despiste de qualquer tipo de julgamento ou capacidade racional de compreensão dos meus pedidos. Tu que não passavas de um conhecido desconhecido...
Com todas as entraves que coloquei à nossa coabitação madrugadora, deste a entender, mesmo que de uma forma inconsciente, que era mais importante estar do que não estar... e eu precisava de sentir isso! Precisava de sentir que a minha presença era desejada, mais que qualquer intenção de satisfação futura. Quem decide sucumbir ou não aos desejos que são demonstrados sou eu. Ainda tenho o controlo desse momento, ainda tenho poder de decisão. E tu devolveste-me a força e a coragem para fazer "jus" ao que acredito, àquilo que verdadeiramente sou.
Senti-me bem a teu lado. Senti que partilhávamos um química inebriante. Senti que as peças simplesmente encaixavam porque não houve planos, nem estratégias, nem expectativas. Houve presença e afecto, compreensão e diversão, sorrisos e amuos naturais. Fomos pessoas que se respeitaram na sua individualidade. E que falta senti eu desse respeito!
Fechando os olhos continuo a vivenciar aquela penumbra, aquele encaixe que me fez ver-te de outro jeito, vivenciar-te  de outra forma e satisfazer-nos de outra maneira.



1 comentário:

Inês disse...

Bemmmmmm....grande texto e grande história!!!