quinta-feira, 17 de maio de 2012



Nos últimos meses, a minha profissão tem-me feito contactar com realidades pesadas. A de hoje foi, deveras, a mais tocante. 
Tenho atendido, inúmeras vezes, os pedidos da Dona Laura. Hoje fui levar-lhe a medicação a casa. Hoje ela pediu para que eu entrasse e levou-me até à "razão do seu viver". Levou-me ao seu marido acamado, qual ser vegetal dotado apenas da capacidade de respirar. E olhou para mim. Eu sorri. O marido da Dona Laura estava super bem cuidado, bem penteado, num quarto todo arrumado e cheio de brio. A Dona Laura raramente sai de casa porque tem de "atender às necessidades dele". E eu penso, seriamente, quantos de nós, nesta vida, teremos a capacidade de tamanha entrega
"Sabe menina, se fosse ao contrário eu gostaria que ele fizesse o mesmo por mim, que não me abandonasse. Prometemos amar-nos na saúde e na doença. É o que eu estou a fazer. Ninguém mais iria tratar dele com tamanho apreço." 
E eu voltei a sorrir, engoli em seco e não consegui pensar em nada. E ainda agora não consigo. Talvez pela consciencialização de que estou a anos-luz de saber o que é, verdadeiramente, amar!

3 comentários:

Anónimo disse...

VERDADEIRO AMOR!

Cátia Gonçalves disse...

Eu acredito que quando se AMA de verdade, é possível esta entrega :)

Pelo menos gosto de acreditar que sim :)

Inês disse...

Este é o verdadeiro amor.