sábado, 13 de dezembro de 2014

Terminal.


Perdoa-me a ousadia mas és tu o grande culpado pela minha "não dedicação". És perito em sabotar os meus sentimentos, fazendo deles chacota e usando a teu bel-prazer. Já lá vai o tempo em que fazia de conta que não via o desinteresse a abismar-se no meu peito, como se o pudesse evitar se não o assumisse. Sempre soube que o motivo foi o golpe de mestre que me infligiste no dia em que me asseguraste a impossibilidade de futuro. A minha mania de viver diferente, de acreditar em causas perdidas e de ter sempre esperança na mudança positiva do universo e da humanidade desenvolve em mim uma espécie de estupidez que me deixa, tantas vezes, inerte. A diferença de há 6 anos volvidos para os dias de hoje é que me estou pouco a borrifar para a tua partida ou permanência que, tantas vezes, se unem para me confundir. Metades não me bastam, é uma certeza, mas sou um pouco lenta no assumir dessa aprendizagem. Há um tempo e um ritmo próprios para cada situação na nossa vida. Esta tem sido arrastada por tempo demais. A cada nova tentativa, uma necessidade de encontrar um caminho novo, mais belo e justo. Não temos sido bem sucedidos. Metemo-nos em atalhos, renovando a esperança em resultados diferentes exactamente com o mesmo lema de vida. Tristes. Por muito que nos custe aceitar FIM é mesmo o que nos espera. E não faças de conta que não sabias. A idade trouxe-me paciência, por incrível que pareça, para aprender a saber esperar mas talhou-me de uma impaciência imensa para perdas de tempo desnecessárias. E esta situação é, sem sombra de dúvidas, uma perda de tempo desnecessária. Não vejo qualquer tipo de vantagem em prolongar um estado terminal. Adiar um fim certo não o impede de acontecer, antes causa uma dor mais aguda e intensa, aliada de frustração da constatação repetida. Deixa-te disso! Esquece o prazer momentâneo. É fugaz, ludibrioso e irreal. Mata-te a fome por minutos, não te impedindo de voltares a ficar faminto quando termina. Pára de me arrastares contigo para isso, para esse modo de vida com o qual não me identifico mas ao qual sucumbi sem me aperceber bem como. Diminui a velocidade, dá-te tempo, cresce e centra-te no que queres para o teu futuro. Quando nos ensinaram o Carpe Diem, não nos mandaram ser suicidas de sentimentos, homicidas de sonhos nem tão pouco violadores da humanidade do semelhante. A sábia certeza de que não duramos para sempre devia levar-nos a viver vidas melhores, optimizadas, com base em ideias e ideais que valorizamos e defendemos, não uma vida de quantidade de momentos e pessoas, como se de uma colecção se tratasse, em vez da qualidade do sabiamente escolhido. Acabaste de dar o maior tiro no pé de que há memória! Isso ou eu finalmente cansei-me das tuas balelas, parco interesse e dedicação. Há ciclos que têm que ser fechados, para bem da nossa sanidade mental. Peço desculpa mas tu és um deles. 

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