Há mais de 10 anos que descobri a diversão que os Santos Populares geram em malta tasqueira e tradicional como eu! E por mais que digam que aquilo é sempre a mesma coisa, eu não posso concordar. Todos os anos há sempre algo de novo que nos faz apaixonar um pouco mais pelo evento. Este ano não foi excepção. Com o pessoal todo a cortar-se, peguei na família e lá fomos nós. Certos enganos anteriores pelas ruas do Porto revelaram-se úteis para um estacionamento perfeito. Chegamos ao Porto a meio da tarde e, infelizmente, ainda não tinha reparado na beleza daquelas ruas e do povo que as povoa alegremente nesses dias. O Jardim da Cordoaria, as Fontaínhas, os Aliados, a Ribeira... tudo colorido com sorrisos, com os martelinhos, com o cheiro dos manjericos e da sardinha assada. É a alegria de um povo que se junta à luz do dia para comer farturas e beber minis, que se esquece dos problemas e sai à rua para desejar, com a alegria e orgulho que o caracteriza, uns bons festejos. É um povo que abre as portas de suas casas e monta a mesa na rua para almoçarem e jantarem e fazem dos visitantes desconhecidos os seus convidados. Sem estarmos a contar, fomos descendo das Fontaínhas para a Ribeira e fomos encontrar um bairro de portas abertas. Aquelas calçadas estreitas, de porta com porta, povoadas de escadas e escadinhas, primavam pela cor dos seus enfeites, pelos sorrisos de quem grelhava febras e assava sardinhas, pela música tradicional portuguesa que tinha o seu encanto exacerbado nessa altura. Sentimo-nos turistas no nosso próprio país, numa terra que tantas vezes visitamos mas que nos faltou o tacto para valorizar os pormenores. Seguiu-se a beleza de um Douro ao pôr do sol. E para acabar os festejos em beleza, demos por nós a jantar a bela da sardinha e da salada de pimentos, devidamente instalados numa rua de completo arraial. O som dos martelos, dos apitos, das palmas e o fumo da sardinha intensificaram-se com o chegar da noite e o céu começou a ser povoado por balões iluminados, que carregavam em si desejos recônditos. Como sou uma pessoa de convicções fortes, não descansei enquanto não lancei um balão desses, vontade essa que tinha sido cultivada em 2011. A primeira experiência não correu bem, dando origem a um fogo controlado. A segunda experiência necessitou de uns ajustes. Mas à terceira foi de vez, como dizem, e o belo do balão (que tinha inscrito impertinentemente Love is...) lá subiu os céus do Porto, para êxtase total dos que cá ficavam em baixo a olhar embevecidos. O regresso a casa sucedeu bastante cedo para o que é habitual mas, sem qualquer sombra de dúvida, foi um dos festejos mais ricos que tive em vida! Para o ano estou a modos que a ponderar reportar o festejo de Santo António. Vai na volta e até sou abençoada!
Decência rarefeita
Há 20 horas
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