Às vezes oiço as pessoas dizerem: «Ah, leio sempre o teu blogue! Sei a tua vida toda!»
E eu rio-me.
Claro que escrevo muito, conto onde fui, o que fiz, o que vi. Mas isso é apenas a parte social da minha vida. A parte mais exposta. A pública, no sentido em que é partilhada por muita gente e que também pode ser «vista» por todos aqueles que vêem o blogue.
Mas depois há o resto. E o resto... é tudo. O que dizemos. O que fazemos (e que não conto). De que forma dizemos. De que forma fazemos. De que modo sentimos. Como pensamos.
As mágoas. As discussões. Os dilemas. As dúvidas. As incertezas. As tristezas. Os conflitos.
Por exemplo, ninguém - a não ser meia dúzia de amigos - sonha como têm sido emocionalmente turbulentos estes últimos meses. Ninguém sequer faz uma mínima ideia. Porque têm sido inúmeros os sobressaltos, os revezes, as dores, as amarguras. E o que têm visto por aqui? Alegria, actividades várias, festas, viagens, mais festas e fins-de-semana e coisas giras. Jamais me veriam aqui a expor aquilo que é realmente da minha esfera íntima. Aquilo que me vai dentro. Que me enche o peito, que me amachuca. Aquilo que é só meu e dos meus. Que pode ser bom, mas que também pode ser mau. Porque - não se iludam - ninguém tem uma vida plenamente cor-de-rosa (seria, além de uma grande mentira, um enorme enjoo).
E, no entanto, não é mentira aquilo que aqui tenho postado. Tenho-me divertido, faço fins-de-semana valentes, viajei, faço mil e uma coisas. Divirto-me para cacete - faço por isso. Não inventei uma Hysteria que não existe. Essa Hysteria existe. Sou eu. Mas é apenas uma parte de mim. A outra? A outra pode até ter o coração em mil pedaços. Mas isso... isso só alguns é que saberão.