Duvidamos imensamente do poder das nossas orações. Há anos que ela não via um nascer de sol em paz. Os dos últimos tempos tinham sido pautados por agressões verbais, lágrimas, pânico e, aquele momento da chegada da luz, que devia simbolizar renovação, novas chances, esperança, era gravado no seu inconsciente com uma aura de negatividade imensa. Falha após falha, foi evitando esse momento que tanto prazer lhe dava, na sua simplicidade. No meio de tantas partilhas íntimas nocturnas, de tantos anseios, de tantas reclamações e agradecimentos, uma constante: "Faz-me voltar a sentir a magia de um nascer do sol. O que eu dava para voltar a vivê-lo na sua simplicidade."
Eis que um dia, quando nada o fazia prever e ela estava de todo desatenta, alguém lhe rouba, de uma forma subtil, 14h da sua vida... com nascer do sol incluído! Um cruzar de olhares que depressa se verbalizou em troca de ideias sobre bebidas energéticas. Uma marca de guerra que lhe suscitou interesse, não pela bravura à qual podia estar ligada, mas antes pelos possíveis danos que podia originar daí para a frente. Dois seres detentores de um gosto pela conversa do qual não há memória, que se esqueceram dos milhares que os rodeavam. Ouviam-se cérebros confusos por tamanha cumplicidade de anos que se revelava em minutos, mesmo que nunca se tivessem visto. Assuntos banais e outros inventados serviram de mote à presença constante, que não era abalada por quem quer que fosse nem por assunto algum. "Impossível" dizeis vós... e pensava ela, até se ver rendida ao acaso do destino que os cruzou em plena areia, num dia normal de calendário para tantos, mas tão detentor de momentos menos dignos para ela. A loucura saudável que era transmitida em risos e em olhares, por vezes luxuriosos, por vezes ingénuos, fizeram-na esquecer verdadeiramente, pela primeira vez em anos, o motivo pelo qual vinha, até então, a sofrer.
Fora qualquer tipo de meta a atingir, fora qualquer tipo de pensamentos com segundas intenções, ter alguém que a fizesse querer ficar no mesmo sítio durante uma noite inteira, sem lhe dar de assalto necessidades astronómicas de fugir, era inédito... constrangedor... estranho... pouco provável. Procurou ler-lhe os defeitos, os erros, quiçá uma bipolaridade que a fizesse obrigá-lo a abandoná-la. Nada. Não foi bem sucedida. Antes traiu-se em gargalhadas, em pequenas cedências ao toque e ao som próximo de um dos seus pontos fracos. Tentou voltar a controlar a situação e conseguia, algumas vezes. Noutras cedia propositadamente porque nenhum dos seus alertas era accionado. Tinha-se totalmente em si, no local que escolhera livremente, fruto da ousadia e da persistência de um desconhecido de sorriso rasgado. Boa história esta!
Lembra-se que se deslocaram para o meio da multidão, de dedos entrelaçados, e com a outra das mãos ocupada com um copo, como que a obrigarem-se a controlar os impulsos. Pobre ingenuidade. Esqueceram-se que quando o espaço é pequeno e o som é abafado, os corpos só param quando se sentem. E sentiram-se, finalmente. Entre piadas patetas, risos histéricos, alto teor de hormonas desnorteadas, desencadeando um tamanho ciclone de emoções. Ah como é bom ser-se humano! E como ela se tinha esquecido disso.
O amanhecer foi-se talhando por si, mais rapidamente do que aqueles seres o acompanhavam. No meio de uma imensidão de histórias criativas, patrocinadas pelo néctar do riso fácil e da desinibição automática, o sol foi nascendo. A luz surgia amiúde e depressa começou a incomodar os olhos que, cansados, a queriam enxergar. Ela só se apercebeu que estava perante uma oportunidade de mudar o rumo da história do nascer do sol quando ele quis, a todo o custo, ficar naquele sítio. Com ela. Por tempo ilimitado. E assim se sentaram, assim se aninharam um no outro e ele, sem saber, foi determinante a solucionar mais um dos seus medos. Por mais tempo que passe e qualquer que seja o rumo das suas vidas, ele será sempre para ela o seu rapazinho do nascer do sol.
Eis que um dia, quando nada o fazia prever e ela estava de todo desatenta, alguém lhe rouba, de uma forma subtil, 14h da sua vida... com nascer do sol incluído! Um cruzar de olhares que depressa se verbalizou em troca de ideias sobre bebidas energéticas. Uma marca de guerra que lhe suscitou interesse, não pela bravura à qual podia estar ligada, mas antes pelos possíveis danos que podia originar daí para a frente. Dois seres detentores de um gosto pela conversa do qual não há memória, que se esqueceram dos milhares que os rodeavam. Ouviam-se cérebros confusos por tamanha cumplicidade de anos que se revelava em minutos, mesmo que nunca se tivessem visto. Assuntos banais e outros inventados serviram de mote à presença constante, que não era abalada por quem quer que fosse nem por assunto algum. "Impossível" dizeis vós... e pensava ela, até se ver rendida ao acaso do destino que os cruzou em plena areia, num dia normal de calendário para tantos, mas tão detentor de momentos menos dignos para ela. A loucura saudável que era transmitida em risos e em olhares, por vezes luxuriosos, por vezes ingénuos, fizeram-na esquecer verdadeiramente, pela primeira vez em anos, o motivo pelo qual vinha, até então, a sofrer.
Fora qualquer tipo de meta a atingir, fora qualquer tipo de pensamentos com segundas intenções, ter alguém que a fizesse querer ficar no mesmo sítio durante uma noite inteira, sem lhe dar de assalto necessidades astronómicas de fugir, era inédito... constrangedor... estranho... pouco provável. Procurou ler-lhe os defeitos, os erros, quiçá uma bipolaridade que a fizesse obrigá-lo a abandoná-la. Nada. Não foi bem sucedida. Antes traiu-se em gargalhadas, em pequenas cedências ao toque e ao som próximo de um dos seus pontos fracos. Tentou voltar a controlar a situação e conseguia, algumas vezes. Noutras cedia propositadamente porque nenhum dos seus alertas era accionado. Tinha-se totalmente em si, no local que escolhera livremente, fruto da ousadia e da persistência de um desconhecido de sorriso rasgado. Boa história esta!
Lembra-se que se deslocaram para o meio da multidão, de dedos entrelaçados, e com a outra das mãos ocupada com um copo, como que a obrigarem-se a controlar os impulsos. Pobre ingenuidade. Esqueceram-se que quando o espaço é pequeno e o som é abafado, os corpos só param quando se sentem. E sentiram-se, finalmente. Entre piadas patetas, risos histéricos, alto teor de hormonas desnorteadas, desencadeando um tamanho ciclone de emoções. Ah como é bom ser-se humano! E como ela se tinha esquecido disso.
O amanhecer foi-se talhando por si, mais rapidamente do que aqueles seres o acompanhavam. No meio de uma imensidão de histórias criativas, patrocinadas pelo néctar do riso fácil e da desinibição automática, o sol foi nascendo. A luz surgia amiúde e depressa começou a incomodar os olhos que, cansados, a queriam enxergar. Ela só se apercebeu que estava perante uma oportunidade de mudar o rumo da história do nascer do sol quando ele quis, a todo o custo, ficar naquele sítio. Com ela. Por tempo ilimitado. E assim se sentaram, assim se aninharam um no outro e ele, sem saber, foi determinante a solucionar mais um dos seus medos. Por mais tempo que passe e qualquer que seja o rumo das suas vidas, ele será sempre para ela o seu rapazinho do nascer do sol.
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