Há pessoas que, por muito que queiram, nunca mais terão o espaço que um dia, infelizmente, conquistaram. E muito menos à força conseguirão o que anseiam. A mudança passa pela minha nova capacidade de lidar com a loucura humana.
A manifestação de gestos que um dia deixaram marcas visíveis, quando repetidos, geram dentro de mim uma reacção animalesca de defesa. Ontem, quando reproduzidos pela pessoa que um dia os causou, tinham tudo para originar um situação pouco digna. Respirei fundo, coloquei uma expressão dura, pedi, bem alto, que largasse. Assim o fez. Assim se afastou. Rapidamente a calma deu lugar a um início de hiperventilação, controlada em tempo recorde.
Não bastante, a pessoa ainda voltou, agora a escorrer sangue, agora em círculos, captando o momento ideal para agarrar novamente. É necessário sangue frio (que é coisa que não abunda muito) para ignorar tristes recordações que teimam em chegar à mente. É necessário concentração para que o trauma não supere, mais uma vez, a razão.
E foi isso que, pela primeira vez em 2 anos, aconteceu. Concentração, seguida de um abandono do local completamente muda, um virar de costas que visa o caminhar para a segurança que o corpo já pedia.
Continuo a ter medo, confesso. Principalmente de andar sozinha. Mas o controle que exerci sobre a situação, que desconhecia ser capaz, deram-me uma nova garra. Só eu me posso proteger. E hoje descobri que sou capaz dessa protecção, eu que achava que só me infligia sofrimento. A cada dia, um pouco mais forte!