Há dias tristes e altamente pesados. Daqueles que nos cansam as forças e a esperança. Onde reina o desânimo e a descrença na justiça terreno-divina. Restabelece-se energias durante um fim de semana, em jeito de lufada de ar fresco, para iniciar a semana com uma carga muito maior do que aquela que esperávamos ter de carregar. São perdas irreversíveis que se instalam e nos desalentam a alma, mesmo não estando implicadas pessoas do nosso sangue. De forma inconsciente e extremamente rápida, chega-nos à mente recordações dessas mesmas pessoas que partiram e/ou dos seus entes queridos. Se por um lado se entende a necessidade de extinção do sofrimento, por outro não se aceita a forma galopante como tudo se desenrolou. Se se consegue aceitar, com alguma paz e serenidade, a partida de alguém com uma vida recheada de décadas memoráveis, o mesmo não se pode dizer de um jovem adulto aprisionado e condenado pela doença da moda. O coração exalta-se e questiona. Há um nó que se instala na garganta. Repensa-se, mais uma vez, o que é importante. Redirecciona-se o foco. Lamenta-se o tempo desperdiçado com quem não vale a pena e com situações que deviam ser ignoradas. Um vazio apodera-se do peito. Constatamos, pela enésima vez, a pequenez que nos caracteriza. Surge a necessidade de nos aninhar, sem tempo definido, nos braços de alguém que nos proteja desta dor miudinha. Mas quando isso não é possível, permitimos que algumas lágrimas nos escorram pelo rosto, respiramos fundo, cerramos os dentes, batemos punho e tentamos reerguer-nos. São lutas injustas, que não podemos controlar e tão pouco contribuir para que o desfecho seja diferente. Mas podemos sempre relembrá-las e perpetuá-las, podemos aprender com o seu exemplo de luta, podemos ambicionar uma vida mais fiel ao que somos e queremos alcançar. Assim tudo fica um pouco mais simples, um pouco mais tolerável. A morte fica um pouco menos pesada... na esperança de que de amanhã em diante, a falta se torne, aos poucos, mais suportável!