Este Senhor que aqui vêem a comunicar, quiçá com o Criador, é um amigo, um GRANDE amigo. E hoje, mais do que nunca, tenho a certeza disso. D. António Francisco dos Santos, ex-Bispo de Aveiro e agora nomeado Bispo do Porto, foi um dos pilares que firmou os últimos anos da minha vida cristã. Entre a sua chegada e a minha ousadia de fazer diferente, a sua presença e o meu encarar de responsabilidades e a sua saída e o meu ano sabático resta-me a certeza de que cresci muito e melhorei, enquanto pessoa, graças à sua dedicação ao próximo. Ele soube o meu nome no primeiro dia em que fomos apresentados... e nunca mais o esqueceu. Fez sempre questão de me saudar utilizando o meu nome, o que me fazia sentir especial. Como era comigo, era com a maioria do seu povo eleito. No tempo em que o dever me exigia estar atenta aos seus discursos, quer escritos, quer falados, descobri autênticas pérolas de sabedoria. Registei imensas, fiz questão de partilhar outras tantas. Hoje, perante a realidade da sua despedida, não consegui controlar as lágrimas e o sentimento de perda abateu-se sobre mim. Quem me conhece sabe que sou terrível a lidar com perdas. Demoro imenso a mentalizar-me de tal injustiça. Ao regressar do jantar, e mesmo em frente à bela Sé de Aveiro, D. António Francisco encontrava-se nos últimos "adeus". Cheguei perto dele, para o cumprimentar novamente, e pedi-lhe que me deixasse desabafar. Ele consentiu. Ao que eu lhe disse, com os olhos rasos: "D. António, no seu discurso pediu perdão pelas suas faltas. Quero agora pedir-lhe perdão por esta, que me pertence: "Perdoe-me por ser tão má a digerir perdas. Esta ainda vai demorar a passar." Ao que ele me responde, em jeito de conforto: "Entendo a tua dor e sou solidário com ela. Tens todo o direito de estar assim pelo tempo que achares necessário. Perdoa-me!" E eu fiquei desarmada, com uma sensação de leveza a querer inundar-me o coração magoado. Humildemente aprendi, mais uma vez, o poder e o doce sabor do perdão. Agradeço os anos em que foi meu Bispo... mas sinto que nos tornou órfãos cedo demais. Será sempre um amigo, D. António. OBRIGADO!*