segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

I'M FEELING THIS #19





Vejo demasiadas pessoas que, embora não queiram admitir, lá no fundo vivem com uma ideia profundamente enraizada de que é impossível serem felizes, ou pior, que não são merecedoras dessa felicidade. Depois claro, escusado será dizer que passam a vida com medo de viver, de confiar, de se enganar e de saír completamente desiludidas e sem qualquer tipo de esperança num futuro mais brilhante. É precisamente quando vejo pessoas assim que me lembro sempre e inevitavelmente de algo que li num livro, que há uns anos começou a abrir-me os olhos para algumas verdades na vida, nomeadamente que muitas vezes "o medo de sofrer é pior que o próprio sofrimento". Não podia concordar mais com a frase, pois infelizmente sofrer por antecipação não resolve absolutamente nada, nem garante o evitamento de possíveis problemas e desilusões no futuro. Isto porque quer queiramos ou não, o simples acto de viver implica correr riscos e expor-nos à rejeição, à desilução e a todo um conjunto de emoções positivas e negativas. Ninguém tem garantias de nada, nem sabe o dia de amanhã e a única maneira de fazer o caminho é andando, pelo que de nada adianta passar o tempo desconfiado de tudo e todos, e fugir daquilo que a vida nos pode oferecer, só porque no passado já se sofreu em situações semelhantes. Para quê limitar a nossa experiência de vida, criando sistematicamente barreiras, muros e complicações absolutamente desnecessárias à nossa volta? Para quê desconfiar de toda a gente que se cruza no nosso caminho, passando a vida com medo de confiar, de se desiludir, de ser abandonado ou de passar para segundo plano, de mudar, de viver e de morrer? Porquê, se a crença de que "ninguém é de confiança" acaba por se tornar quase sempre auto-confirmatória, fazendo com que as pessoas sejam ainda mais rejeitadas? Acontece que não há maneira de eliminar medos excessivos aos bocadinhos e gradualmente. Às vezes é mesmo preciso ser black&white, isto é, drástico ao ponto de simplesmente arriscar e correr o risco de voltar a magoar-se, algo que tanto pode acontecer ou não. Para quê tanto drama? "Ah e tal, mas tenho medo...não queria passar pelo mesmo". Medo do amanhã todos temos, por não dizer que ninguém deseja acabar sozinho, enganado e desiludido. Mas mesmo que isto aconteça, não é o fim do mundo. Há coisas pelas quais é preciso passar, para que possamos descobrir outras, ainda maiores e melhores. Tão simples quanto isso.

|roubadérrimo, mais uma vez, à Mona Lisa|

2 comentários:

Inês disse...

Adorei o texto!!!!Está fantástico!!
Vou espreitar o blog de onde vem.

Cecília Fernandes Vigário disse...

Acredita que é dos melhores blogues que leio :) *