Esta atitude de ver o lado bom da vida é algo que se aprende com o tempo. É uma esperança que se faz questão de renovar. É um esforço que, a cada dia que passa, passa a ser inerente às 24h que nos é oferecido a cada novo amanhecer. Se é certo que foi pensado para quando nos encontramos "na mó de baixo", com poucos motivos para continuar esta luta diária a que chamamos vida, não é menos importante nem menos difícil praticar enquanto nos sentimos em paz e em equilíbrio. Aliás, até acho que chega a ser aterrador. A culpa, que tantos de nós experimenta em detrimento dos seus semelhantes que são lapidados pelas circunstâncias menos boas que têm que enfrentar, por vezes, acaba por ser traiçoeira. Acaba por nos fazer desvalorizar a felicidade que conquistamos. Acaba por nos fazer sentir não merecedores da mesma. É nessas alturas que me lembro de Paulo Coelho mencionar a sabedoria humilde de aceitar a vida como ela é: o bom e o menos bom que ela comporta! Porque é que lidamos com tamanha trivialidade quando as coisas menos boas nos surgem, como se fosse habitual, e ficamos de tal ordem parvos, perdidos e inaptos quando se trata de viver em paz, equilíbrio e felicidade? Pedem-nos humildade e não falsa modéstia.
Por isso é que Te agradeço:
- a conversa que tive com uma utente que, ao fim de 18 anos de separação, reencontrou o amor;
- a comemoração de mais um aniversário de uma grande amiga, entre comeres tradicionais madeirenses;
- a benção de poder ter um tecto que me aconchegue nas noites mais frias;
- a certeza de que, passe o tempo que passar, a amizade verdadeira não morre e é como se não estivéssemos há quase um ano sem nos ver;
- a possibilidade de poder (re)ver um dos cantores portugueses que mais admiro: David Fonseca, na primeira fila;
- a continuação, com novos e talentosos rostos, de um projecto juvenil que um dia sonhei e lutei para criar;
- a criatividade que me assola em alturas de pressão, traduzidas em respirações muito mais cheias de confiança e certeza;
- o incentivo deslumbrado de quem atinge o meu íntimo, mesmo que, por vezes, mergulhado em nuvens de incerteza e cuidado extremo;
- a família que me suporta as neuroses, os devaneios, os sonhos, a rebeldia, a arrogância, a determinação e a personalidade humildemente ambiciosa.
Amanhã não sei o que serei mas hoje sou, felizmente, cheia de alegria!