Não gosto de incompetência e, muito menos, de falta de bom senso e ética na profissão que se desempenha. Não rebaixo ninguém por isso também não admito que o façam. Cada profissão tem a sua dignidade e propósito e, só um ser muito obstinado, egoísta e mesquinho não entende e não assume isso. Cada utente tem o direito ao respeito e a um tratamento que roce a humanidade, seja ele novo ou velho, rico ou pobre. Mas passemos ao que realmente interessa. Uma médica do serviço X do Hospital Y prescreve erradamente um medicamento. O meu dever é tirar toda e qualquer dúvida. Ligo para o serviço e atende-me um profissional de saúde. Diz-me que não posso falar com a dita médica porque esta foi ao café. Persisto. Se o doente já teve alta, que me tirem as dúvidas, de acordo com o processo. Lá o fazem, a muito custo, no meio de uma algazarra estonteante. Por entre muita má vontade, oiço a questionarem se sou a directora técnica da Farmácia ou somente uma técnica (como se isso realmente importasse aqui para o caso e mudasse a solução que me teriam que dar!) Eu já a ficar chateada com o que se estava a passar, ainda tive que ouvir uma outra profissional a dizer que se o utente precisava de apanhar insulina era por culpa, única e exclusiva dele, já que era um "papa" leite cremes aka pudins nutritivos e que se fechasse a boca isso já não acontecia. (Note-se que, no hospital, se comem os tais pudins é porque lhes são fornecidos, de acordo com pareceres de nutricionistas, dadas as carências energéticas e proteicas que revelam.) No fim de contas, não se mostraram minimamente interessados em resolver o problema, assumindo que houve erro e não mandaram o material devido e necessário ao utente e que eu, literalmente, me resolvesse e arranjasse solução. Respeitosa e ironicamente agradeci a amabilidade de suas excelências e desliguei. Eles ficaram todos contentes, completamente descansados, ignorando o sucedido e eu passei uma manhã a arranjar solução ao pobre doente transplantado. Iremos dormir todos de consciência tranquila, eu porque cumpri o meu dever e aquelas mentes pequenas porque não alcançam a baixeza que praticam. É de lamentar a fraca qualidade humana que habita certos profissionais de saúde de grandes hospitais deste país. Por mim, aqueles caramelos davam já lugar a outros que, respeitosamente, iriam fazer tanto ou melhor trabalho. Podem ter muito saber, para terem chegado onde chegaram isso ou cunhas! mas são umas bestas enquanto seres humanos. Tenho dito!*