Julho, que agora chega ao fim, foi o mês dos casamentos. Um no dia 2 e outro no dia 30.
A motivação para participar em ambos era a mesma: amigos que iam dar "aquele" passo, "aquele" compromisso nas suas vidas.
O primeiro levou-me às lágrimas. Uma manhã de cabeleireiro atribulada, uma viagem a desbundar, um percurso até casa da noiva que era desconhecido, um "timing" a cumprir. Mal entrei em casa da noiva, era bom não lhe sujar o vestido com a emoção. Um casamento pensado ao pormenor, com incidência em detalhes propícios à perfeição. Alegria estampada no rosto dos noivos e das suas famílias. Uma capela no alto, com uma entrada em escada, passadeira vermelha a convidar ao ambiente acolhedor que se vivia naquela estância religiosa. Lugar ocupado, foi ver o noivo "desmanchar-se" quando viu a sua mulher a percorrer o corredor. Músicas com mensagem, que nos faziam parar e pensar, sentir e recorrer ao nosso foro sentimental, acompanhado de uma crença enorme, da família e dos amigos, naquele que era um acto público do amor que os une. Aquela celebração foi deles e para eles. Uma homilia que não foi nenhum sermão mas uma consciencialização do que é verdadeiramente o amor. Pegou-se numa leitura simples mas com uma mensagem profunda e reduziu-se cada ser à sua insignificância perante a grandeza do AMOR. Foi um excelente exercício e desafio. Segue-se a benção das flores e do arroz, traduzida numa euforia soberba. Abraços e beijos, felicitações e congratulações. Uma foto de grupo e uma excelente tarde passada entre sofás e baloiços de verga, entre sangria de frutos vermelhos e soft drinks, entre sombras e raios de sol que queimavam a pele agradecida. Um spot idealizado para o corte do bolo, com magia em bolas de sabão e em sorrisos e realizações estampadas na cara daqueles que eram as personagens principais do dia. Qualquer pessoa que saiu daquele casamento, com toda a certeza do mundo, saiu emocionada, com um sentimento de dever cumprido e com uma esperança renovada no poder do amor construído sobre fortes alicerces de alma.
O segundo quase que me levou às lágrimas... mas por motivos "um tanto" negativos. Eu, que até sou uma pessoa de impulsos, custa-me a digerir o facto de um casamento se proceder com a rapidez deste. Afastados por todo um oceano e na maior parte do tempo em que se desenrolou o namoro, das duas uma: ou isto dá muito certo ou se extingue dentro de 6 meses! A juntar a isto, o facto de termos visto mais entusiasmo numa despedida de solteiro, do que propriamente no casamento, faz-me temer por todo este impulso. Numa festa que deve ser preparada a dois, com vontade, determinação e magia, deparo-me com uma irmã do noivo a tratar de quase tudo, a lutar com todas as suas forças para que os pormenores façam a diferença.... mas não fizeram! Acusaram a normal falta de cumplicidade de quem pouco se conhece, as famílias pouco se interligaram, os amigos estavam de pé atrás e o senhor da animação da festa foi triste ao pedir a todos que cantassem o "Boa Sorte" enquanto se abanavam lenços brancos... durante o corte do bolo!! Dadas todas as aspirações e desejos de sucesso e felicidade que tínhamos guardados dentro de nós para eles, sentimo-nos defraudados. Não vimos uma única vez o nosso amigo a ser ele mesmo. E isso magoou imenso...
Escrevo isto aqui para que, um dia mais tarde, me sirva de exemplo... Para que tenha a visão perfeita do que quero para mim... Para tentar não repetir os mesmos erros... Para me alegrar com os pormenores determinantes que, ao serem verdadeiros, encantam e marcam dias, celebrações, pessoas, mundos...